A redação é uma excelente forma de elevar a média geral do Enem, para garantir uma vaga em instituições privadas ou públicas e é a única parte da prova em que ocorrem casos frequentes de recebimento da nota 1000. Por isso, separamos as melhores dicas para quem está se preparando para o exame, listamos quais os erros mais cometidos e um exemplo analisado. Confira abaixo!
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1. Conheça a estrutura da prova
Para se preparar de maneira mais eficaz, é importante conhecer a estrutura total da prova. No primeiro dia, os estudantes têm cinco horas e meia para responder a 45 questões de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, 45 questões de Ciências Humanas e suas Tecnologias, além de elaborar a redação. O gabarito e a versão definitiva do texto também devem ser preenchidos durante esse tempo. A falta de organização pode gerar prejuízos. Então, atente-se ao relógio.
2. Treine o texto dissertativo-argumentativo
A dissertação argumentativa é o único gênero cobrado pelo Enem. Seu objetivo é defender uma ideia usando como base argumentos bem fundamentados e explicados. Esse texto é dividido em introdução, desenvolvimento com no mínimo dois argumentos e conclusão, contendo uma proposta de intervenção.
3. Saiba quais são os critérios de avaliação
Saber quais pontos estão sendo analisados pelos corretores auxilia na hora de colocar todos os itens essenciais e não cometer erros que descontarão nota ou até mesmo zerarão o texto. Os critérios de avaliação são:
- Domínio da escrita formal da língua portuguesa;
- Seleção e organização das informações que defendem o ponto de vista;
- Conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação;
- Respeito aos direitos humanos.
4. Leia redações nota 1000 Conhecer exemplos de textos que alcançaram a nota máxima auxilia durante a produção, pois o estudante sabe quais elementos precisa colocar. É possível também memorizar exemplos de diferentes conectivos que colaboram para o encadeamento das ideias. Essa leitura colabora, ainda, para a expansão do repertório cultural, permitindo a descoberta de citações úteis para diferentes casos.
5. Procure os temas anteriores
O Enem não repete os temas das redações, mas ao estudá-los, o candidato pode ter uma noção melhor do que esperar quando fizer a prova. Os tópicos sempre envolvem ou os direitos humanos ou o Meio Ambiente e, embora possam ser relacionados com alguma questão atual, costumam permitir diversas associações com repertórios atemporais. Segue uma lista com alguns dos últimos temas:
Ano | Tema |
---|---|
2023 1ª aplicação | Desafios para a (re)inserção socioeconômica da população em situação de rua no Brasil |
2023 2ª aplicação | Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil |
2022 1ª aplicação | Medidas para o enfrentamento da recorrência da insegurança alimentar no Brasil |
2022 2ª aplicação | Os desafios para a valorização das comunidades e povos tradicionais do Brasil |
2021 | Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil |
2020 impresso | O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira |
2020 digital | O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil |
2019 | Democratização do acesso ao cinema no Brasil |
2018 | Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet |
2017 | Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil |
6. Se atualize e não se desespere tentando adivinhar o tema
Existem palpites que acertam na internet, entretanto dezenas são publicados especialmente nas semanas mais próximas do dia da prova. Tentar descobrir o tema antes da hora pode te fazer perder tempo e gerar ansiedade. Além disso, você corre o risco de se preparar muito para um tema com a esperança de que ele caia e se frustrar no momento da prova. Vale a pena ler sobre as apostas mais frequentes dos professores, mas não estude apenas elas!
7. Desenvolva o hábito de leitura
A leitura frequente traz diversos benefícios, seja de livros, revistas ou jornais, ela colabora para o aumento do vocabulário e do repertório sociocultural, que é amplamente valorizado pelo Enem.
Você também pode adquirir repertório de outras fontes como: filmes, séries, letras de música, trechos da Constituição, citações de filósofos ou especialistas conhecidos.
8. Erros comuns a evitar:
A falta de atenção, muitas vezes causada pelo nervosismo da prova, leva os estudantes a cometerem erros que podem ser evitados. Veja a seguir os principais e como não cometê-los:
- Fuga ao tema: atente-se sempre aos textos motivadores para garantir que compreendeu corretamente o que está sendo solicitado para a produção;
- Falta de coesão: revise seus parágrafos para garantir que não há períodos deslocados;
- Uso da primeira pessoa do singular ou formas de identificação: o texto deve ser impessoal e em nenhum momento pode aparecer marcas de quem foi o autor. Por isso, escreva sempre na terceira pessoa.
9. Exemplo de redação nota 1000 e análise
Texto escrito por Ana Luiza Coutinho que alcançou 1000 pontos na redação em 2023.
Um dos contos presentes no livro “Laços de Família”, de Clarice Lispector, acompanha a epifania da personagem Ana ao fugir de seus afazeres domésticos. Ela, que se via sentenciada a cuidar da casa e dos filhos, assemelha-se a muitas mulheres brasileiras, que exercem essa e outras tarefas diariamente, sem valorização e, até mesmo, sem remuneração. Nesse sentido, cabe analisar as causas socioeconômicas da invisibilidade do trabalho de cuidado no Brasil contemporâneo.
Em primeira perspectiva, a sociedade limita a mulher e sua função social ao ambiente caseiro e à realização de cuidados especiais. Isso ocorre porque, de acordo com o corpo social estabelecido, a essência cuidadosa é algo inerente ao feminino, muitas vezes associada à maternidade. Todavia, essa característica é construída e imposta às mulheres, que são frequentemente moldadas — assim como elucidado por Simone de Beauvoir: “Não se nasce mulher, torna-se”. Esse cenário é instigado pela cultura patriarcal e machista da nação, que atribui o cuidado e o lar somente ao sexo feminino. Desse modo, esse trabalho é visto como uma obrigação da mulher, e não como um trabalho de fato, o que, por conseguinte, gera a desvalorização de tão importante exercício.
Ademais, o cuidado não é percebido com valor de mercado. Isso, porque não é uma atividade altamente lucrativa e produtiva, do ponto de vista mercadológico, o que, segundo Byung Chul-Han em “A Sociedade do cansaço”, são fatores valorizados nos dias atuais. Esse panorama se dá pela lógica capitalista que norteia as relações de trabalho no mundo hoje, priorizando o lucro de indústrias e empresas em detrimento do cuidado com pessoas — majoritariamente exercido por mulheres. Consequentemente, há a má remuneração dessa ocupação, o que afeta a igualdade de gênero na inserção no mercado de trabalho e atrapalha a emancipação feminina.
Portanto, fazem-se evidentes as matrizes da invisibilidade do trabalho de cuidado em solo nacional. Logo, não se deve hesitar: são necessárias medidas para a erradicação da problemática. É responsabilidade, então, do Ministério da Educação — órgão federal que gere o ensino brasileiro — alterar a estrutura machista e patriarcal nas salas de aula. Isso pode ser feito por meio da inserção na Base Nacional Comum Curricular de formas de empoderamento feminino como assunto obrigatório na formação cidadã. Essa mudança deve ser alcançada com a finalidade de valorizar o trabalho exercido por mulheres, principalmente os mais invisíveis, como o de cuidado. Outrossim, cabe ao Governo Federal aumentar o salário mínimo atual, com o objetivo de garantir uma remuneração adequada a todos, bem como às mulheres, que se ocupam com o cuidado, favorecendo suas independências financeiras. Quem sabe, assim, todas as “Anas” que cuidam do Brasil tornar-se-ão visíveis, valorizadas e prestigiadas.
Confira a análise dos elementos essenciais que compõem a estrutura desse texto:
Introdução
Elemento | Trecho do exemplo |
---|---|
Repertório sociocultural | Um dos contos presentes no livro “Laços de Família”, de Clarice Lispector, acompanha a epifania da personagem Ana ao fugir de seus afazeres domésticos. |
Relação do repertório com o tema | Ela, que se via sentenciada a cuidar da casa e dos filhos, assemelha-se a muitas mulheres brasileiras, que exercem essa e outras tarefas diariamente, sem valorização e, até mesmo, sem remuneração. |
Apresentação do tema | Nesse sentido, cabe analisar as causas socioeconômicas da invisibilidade do trabalho de cuidado no Brasil contemporâneo. |
Desenvolvimento
Elemento | Trecho do exemplo |
---|---|
Conectivo | Em primeira perspectiva |
Argumento 1 | a sociedade limita a mulher e sua função social ao ambiente caseiro e à realização de cuidados especiais |
Explicação e desenvolvimento do argumento 1 | Isso ocorre porque, de acordo com o corpo social estabelecido, a essência cuidadosa é algo inerente ao feminino, muitas vezes associada à maternidade. Todavia, essa característica é construída e imposta às mulheres, que são frequentemente moldadas — assim como elucidado por Simone de Beauvoir: “Não se nasce mulher, torna-se”. Esse cenário é instigado pela cultura patriarcal e machista da nação, que atribui o cuidado e o lar somente ao sexo feminino. |
Consequências geradas pelo exposto no argumento 1 | Desse modo, esse trabalho é visto como uma obrigação da mulher, e não como um trabalho de fato, o que, por conseguinte, gera a desvalorização de tão importante exercício. |
Conectivo | Ademais |
Argumento 2 | o cuidado não é percebido com valor de mercado |
Explicação e desenvolvimento do argumento 2 | Isso, porque não é uma atividade altamente lucrativa e produtiva, do ponto de vista mercadológico, o que, segundo Byung Chul-Han em “A Sociedade do cansaço”, são fatores valorizados nos dias atuais. Esse panorama se dá pela lógica capitalista que norteia as relações de trabalho no mundo hoje, priorizando o lucro de indústrias e empresas em detrimento do cuidado com pessoas — majoritariamente exercido por mulheres. |
Consequências geradas pelo exposto no argumento 1 | Consequentemente, há a má remuneração dessa ocupação, o que afeta a igualdade de gênero na inserção no mercado de trabalho e atrapalha a emancipação feminina. |
Conclusão
Elemento | Trecho do exemplo |
---|---|
Conectivo | Portanto |
Reforço do problema | fazem-se evidentes as matrizes da invisibilidade do trabalho de cuidado em solo nacional. Logo, não se deve hesitar: são necessárias medidas para a erradicação da problemática. |
Solução 1 | É responsabilidade, então, do Ministério da Educação — órgão federal que gere o ensino brasileiro — alterar a estrutura machista e patriarcal nas salas de aula. Isso pode ser feito por meio da inserção na Base Nacional Comum Curricular de formas de empoderamento feminino como assunto obrigatório na formação cidadã. Essa mudança deve ser alcançada com a finalidade de valorizar o trabalho exercido por mulheres, principalmente os mais invisíveis, como o de cuidado. |
Solução 2 | Outrossim, cabe ao Governo Federal aumentar o salário mínimo atual, com o objetivo de garantir uma remuneração adequada a todos, bem como às mulheres, que se ocupam com o cuidado, favorecendo suas independências financeiras. |
Expectativa de resultado | Quem sabe, assim, todas as “Anas” que cuidam do Brasil tornar-se-ão visíveis, valorizadas e prestigiadas. |
Para alcançar nota 1000 na redação do Enem é necessário que o estudante conheça a estrutura do exame inteiro, pratique o texto dissertativo-argumentativo, saiba quais são os critérios usados para a correção, veja exemplos que alcançaram a nota máxima e os temas anteriores, além de revisar a produção para evitar erros comuns. Além disso, aqueles que possuem o hábito de leitura são auxiliados na hora da escrita.
Agora que você já sabe como obter 1000 pontos na redação do Enem, que tal aprender como se preparar para o vestibular? Continue por aqui e conte com a gente para se preparar!